segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Falta de planejamento ambiental: nova iluminação pública de Fortaleza inviabiliza a arborização dos canteiros centrais das avenidas

Figura 1. Esse sistema de iluminação é um dos piores inimigos da arborização urbana

Um dos últimos espaços disponíveis para a arborização urbana de Fortaleza está sendo comprometido pela implantação de um novo projeto de iluminação pública. Trata-se dos canteiros centrais das avenidas. Devido à sua altura, as novas luminárias são incompatíveis com a arborização urbana. À medida que as árvores se desenvolvem, os galhos interferem na eficiência da iluminação das ruas. Esse problema é resolvido com podas drásticas que acabam com os benefícios da arborização para a cidade.
A cidade torna-se muito mais quente, diminuindo o uso eficiente da energia devido ao aumento da necessidade de consumo de energia elétrica para refrigeração.
A adoção desse sistema de iluminação é uma das piores tomadas de decisão em termos ambientais que já vi. É impressionante como a prefeitura ignora a importância da arborização urbana na conservação de energia em Fortaleza. Quanto mais desenvolvida a cidade mais valor se dá à arborização urbana. Em Fortaleza ainda são tomadas decisões de terceiro mundo que não levam em conta diretrizes de desenvolvimento sustentável.

Figura 2. O sistema de iluminação incompatível com a arborização está sendo implantado na Avenida dos Expedicionários. Um sulco está sendo cavado no canteiro central para alojar os cabos de energia.

Figura 3. As raízes das árvores estão sendo cortadas para abrir espaço para os cabos. Esses danos às raízes representam um grande risco de queda de árvores no futuro.


Figura 4. Trecho da Avenida dos Expedicionários com a nova iluminação totalmente implementada. Com o crescimento das copas a iluminação será afetada. As árvores terão que ser podadas acarretando em elevados custos para a prefeitura. Um projeto de iluminação rebaixada nas calçadas evitaria todos esses problemas. O canteiro central deveria ser destinado somente à arborização

Figura 5. Trecho final da avenida com árvores jovens. As raízes crescerão por cima dos cabos de energia. No futuro como será feita a manutenção dos cabos?

Figura 6. Os canteiros criaram um problema adicional para a arborização. São excessivamente estreitos e impermeabilizados. As raízes precisam de oxigênio e água para se desenvolverem satisfatoriamente. O aumento da impermeabilização aumenta também os riscos de enchentes.

O maior problema ambiental de Fortaleza: falta de compatibilidade entre iluminação pública e arborização urbana

A falta de planejamento urbano cria muitos conflitos entre a arborização e o restante da estrutura física da cidade. Basicamente esses problemas podem ser classificados em subterrâneos e aéreos. Os conflitos subterrâneos resultam basicamente da incompatibilidade entre as raízes das árvores e calçadas, asfalto e redes subterrâneas de água, esgoto e eletricidade. Esses problemas são causados pela falta de conhecimento do desenvolvimento do sistema radicular das árvores, que pode ser maior que a projeção da copa. Os conflitos aéreos resultam da falta de compatibilidade entre a copa da árvore com a estrutura física aérea da cidade, como redes elétricas, construções, sinais de trânsito e iluminação pública.
Todos esses problemas podem ser resolvidos com planejamento. Deve-se escolher a árvore certa para o local certo. A cidade também deve ter seu desenho planejado para receber árvores. Se esse planejamento não for realizado, a única solução possível é utilizar arvoretas e arbustos de pequeno porte, reduzindo consideravelmente os benefícios ambientais que as árvores proporcionam à cidade.
Acredito que o maior problema ambiental de Fortaleza consiste tanto na falta da arborização urbana, quanto na degradação das poucas árvores restantes. A falta de compatibilidade entre iluminação pública e arborização é a pior causa desse problema, pois gera conflitos entre a copa das árvores e iluminação, levando a podas drásticas que comprometem a saúde das árvores e diminuem a área de fotossíntese. Cria-se um grande problema ambiental que inviabiliza a expansão da arborização urbana da cidade. Essa incompatibilidade ocorre porque a iluminação utilizada fica acima das copas das árvores. À medida que a copa se desenvolve, vai obstruindo a iluminação da rua, que vai ficando mais escura. A solução adotada é podar as árvores para melhorar a iluminação noturna. Durante o dia os benefícios da arborização são anulados, pois as podas acabam com a sombra. Aumentam consideravelmente as "ilhas de calor" na cidade. A redução da biomassa vegetal compromete a retirada de gás carbônico da atmosfera, contribuindo para o aquecimento global. Portanto, agrava-se o aquecimento em escala local e global. Os pedestres são expostos a intensas radiações ultravioleta, produzindo um efeito cumulativo no organismo e contribuindo para aumentar os casos de câncer de pele.
De nada valem discursos sobre desenvolvimento sustentável sem atitudes concretas. O correto seria reduzir a altura da iluminação pública e aumentar a arborização urbana, seguindo o exemplo de algumas cidades densamente arborizadas do estado do Paraná, como por exemplo, Maringá.
Em Fortaleza, com o atual sistema de iluminação, só existem duas alternativas: 1) ter ruas iluminadas durante a noite e escaldantes durante o dia ou 2) ruas sombreadas durante o dia com conforto térmico e escuras de noite com insegurança.
Podemos concluir que o tipo de iluminação utilizado em Fortaleza é anti ecológico e incompatível com o desenvolvimento sustentável da cidade.

Figura 1. Em Fortaleza, a Avenida Jovita Feitosa pode ser considerada um bom exemplo da falta de compatibilidade entre iluminação pública e arborização. Nesse trecho, a arborização está bem desenvolvida, produzindo sombra e conforto térmico.

Figura 2. O mesmo trecho da avenida durante a noite torna-se escuro e inseguro.

Figura 3. Solução inadequada de iluminação pública. Durante o dia podemos observar que as lâmpadas são parcialmete obstruídas pelas copas das árvores.

Figura 4. Durante a noite fica iluminada apenas a parte superior das copas.

Figura 5. O desconforto térmico é intenso nos trechos da Avenida Jovita Feitosa onde a vegetação é pouco desenvolvida. A solução ideal seria remover os postes do canteiro central e instalar iluminação rebaixada nas calçadas que são estreitas e não comportam árvores. O canteiro central deveria ser reservado apenas para a arborização. O resultado seria uma avenida sombreada durante o dia e iluminada durante a noite.

sábado, 2 de agosto de 2008

Luzes melhoram segurança e qualidade de vida na cidade

Ter as ruas do bairro bem iluminadas é um desejo de muitos moradores de Maringá, onde a iluminação pública é deficitária, principalmente em razão da arborização

Mesmo com 47 mil lâmpadas espalhadas em postes e superpostes dispostos nas ruas, avenidas e praças da cidade, a iluminação pública de Maringá é deficitária. À noite, mesmo nas ruas centrais, as luzes não garantem uma luminosidade adequada para manter o bem estar e a segurança da população. O problema não afeta apenas pedestres, mas também os motoristas, motociclistas e ciclistas que precisam trafegar depois do pôr do sol.
A principal causa da deficiência da iluminação pública de Maringá é a arborização das ruas e avenidas que, por sua vez, é um dos maiores orgulhos dos maringaenses. "Se olharmos por cima, vemos que está tudo claro nas copas das árvores, mas nas ruas, avenidas e no passeio público, o nível de luminosidade está abaixo da necessidade", considera o engenheiro eletricista da Copel, Ayrton Pedro Belleze.
A colocação das luminárias nos topos dos postes da rede de energia da Copel não foi erro do passado na implantação da iluminação pública da cidade, mas pode-se dizer que faltou considerar, na fase de planejamento, o fato de que as árvores plantadas no passeio público cresceriam muito e seria preciso conciliar a necessidade da população de ter ruas bem iluminadas com a arborização viária que já havia sido desenhada no projeto original da cidade.
Em inúmeras ruas de bairros mais antigos como a Vila Operária, o centro e as zonas 2, 4 e 5, por exemplo, é mais fácil perceber que, mesmo com várias lâmpadas acesas nos alto dos postes, a sensação de quem transita na via é de o local está escuro. E, de um modo generalizado, é possível afirmar que a escuridão é quase um sinônimo de insegurança.
"Um local bem iluminado diminui as oportunidades de delitos", considera o relações públicas do 4º Batalhão da Polícia Militar, tenente Alexandro Marcolino Gomes. Para ele, a iluminação também contribui para a diminuição do consumo de drogas nas ruas e praças. "A luminosidade favorece porque uma pessoa com a intenção de praticar algum crime vai ser vista com mais facilidade pela população", diz.
O tenente reconheceu que pontos da cidade onde há escuridão oferecem uma "certa dificuldade" para a atuação preventiva do policiamento. "Não que seja um obstáculo para a gente, mas vemos como um problema para a população. A nossa orientação é que se a rua da sua residência está escura e têm acontecido crimes em razão disto, é preciso cobrar da prefeitura para que a iluminação seja consertada e não reclamar que a viatura não está no local."
O presidente do Conselho Municipal de Segurança de Maringá, Everaldo Moreno, acredita que o projeto para o rebaixamento da iluminação pública da cidade, previsto para ser iniciado ainda este ano, deverá colaborar com a questão da segurança. "Vemos que a iluminação pública é uma das áreas que precisam de atenção e investimento da administração pública e, talvez por isso, foi desenvolvido um projeto para o rebaixamento da iluminação no município", considera.
"Sabemos que a iluminação deficiente é apontada como uma das causas que estimulam a violência e que muitos pontos de Maringá onde se observa a prática de delitos, também há um comprometimento da iluminação pública."
Moreno conta que o próprio Conselho recebe reclamações e informações sobre a deficiência da iluminação. "Também percebemos que os próprios bandidos acabam depredando a iluminação para facilitar as ações criminosas", observa.
Segundo o presidente do Conselho, quando da implementação do plano "Tolerância Zero" na cidade de Nova Iorque, em que o rigor da polícia aumentou, uma das ações realizadas pelo Poder Público foi a melhoria da qualidade da iluminação das ruas e espaços públicos.
"Foram estruturadas várias ações como a recuperação do paisagismo, dos equipamentos públicos, das calçadas, a limpeza das pixações, e a iluminação foi inserida dentro deste contexto", lembrou.

Fonte: O Diário do Norte do Paraná, 19/06/2008
(http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/194194)

Mandaguari melhora iluminação pública

Luiz de Carvalho
carvalho@odiariomaringa.com.br

A Prefeitura de Mandaguari (a 39 quilômetros de Maringá) iniciou neste mês o projeto de rebaixamento da iluminação pública para melhorar a luminosidade das ruas, já que, apesar de serem colocadas lâmpadas em todos os postes, tanto quem transita no centro da cidade quanto moradores dos bairros reclamavam que o fato de existirem árvores embaixo dos postes deixa as ruas escuras.
O rebaixamento da iluminação é um trabalho que vem sendo feito na maioria das cidades paranaenses e em Mandaguari o prefeito Cylleneo Pessoa Pereira Júnior (PP) considerou que melhorar a luminosidade das ruas e praças é uma questão de segurança pública.
O trabalho contempla principalmente as praças, de onde o público vinha se afastando por causa da escuridão. É o caso da Praça Miquelette, que teve reativadas as lâmpadas dos super-postes e rebaixado o restante da iluminação - na Praça está localizado o Hospital Rural.
Ela é utilizada como caminho por moradores dos bairros próximos, principalmente do Jardim Boa Vista. Jovens que estudam à noite passam pela Praça ao saírem da aula e alegam sentir-se inseguros com a escuridão.
Também as praças da Independência e Tiradentes tiveram a iluminação rebaixada dentro de um projeto de revitalização, executado nos últimos dois meses.
“Elas estão sendo transformadas em centros de convivência para as famílias”, disse o prefeito.
Ele destaca que, além do rebaixamento das luminárias, as praças ganham novos quiosques, piso em pavers, praças de alimentação e academias da terceira idade, que voltarão a atrair as pessoas.
Cylleneo Júnior destaca que de nada adiantará a praça ser bonita e oferecer uma série de atrativos se a iluminação não garantir sensação de segurança aos freqüentadores.
O rebaixamento da iluminação já foi iniciado também nos bairros. Todo o trajeto desde o Jardim Esplanada, passando pelo Conjunto Tancredo Neves, até o final da Amélia Lisboa, conta com a nova iluminação.

Fonte: O Diário do Norte do Paraná, 17/06/2008
http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/194051/

Prefeitura vai investir R$ 14 mi no rabaixamento de luminárias

A Prefeitura de Maringá vai investir aproximadamente R$ 14 milhões no rebaixamento de 100% da iluminação pública da área urbana. Em todos os postes, as luminárias serão instaladas a menos de 3 metros do solo, abaixo da copa das árvores, melhorando a luminosidade e proporcionando maior segurança à população.
Para executar o rebaixamento, a Secretaria Municipal de Serviços Públicos dividiu a cidade em quatro setores, devendo cada um ser entregue a uma empresa. Doze instaladoras de Maringá, Foz do Iguaçu, Curitiba, Florianópolis (SC), São Paulo e Belo Horizonte (MG) participam da licitação iniciada ontem no Paço Municipal e que só será concluída quando forem analisados os índices técnicos das empresas pela contabilidade da prefeitura.
O diretor de Serviços Públicos, Vagner Mussio, explicou que o projeto prevê a instalação de cerca de 15 mil luminárias, devendo começar pelos bairros mais afastados. O objetivo é que os trabalhos sejam concluídos 90 dias.
O rebaixamento da iluminação é uma reivindicação antiga da população e chegou a ser iniciada várias vezes. As lâmpadas estão acima das árvores e com isso as ruas ficam escuras, facilitando a ação de marginais”.
De acordo com o diretor, além das luminárias tradicionais, a iluminação já rebaixada será substituída pelo novo modelo. “As novas luminárias terão apenas uma lâmpada, porém proporcionam uma luminosidade bem melhor e economizarão energia elétrica”, garante Mussio.
O gerente de Iluminação Pública da Secretaria de Serviços Urbanos, engenheiro Roberto Orlandini, disse que o rebaixamento será bancado somente pela prefeitura, com recursos oriundos da própria iluminação pública. “É um investimento aparentemente alto, mas muito vantajoso para o município. Além de proporcionar ruas e avenidas melhor iluminadas, ainda proporcionará grande economia”.
Segundo Orlandini, hoje são pagos mensalmente em torno de R$ 560 mil pela energia consumida pela iluminação pública. O sistema que será implantado deverá proporcionar uma economia entre 25% e 30%.

Segurança

De acordo com Mussio, um dos principais objetivos da padronização do sistema de iluminação pública de Maringá é dar mais segurança à população.
A Companhia Metropolitana do 4º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo na cidade, havia encaminhado vários expedientes à prefeitura solicitando a melhoria da iluminação nos bairros e considera que o rebaixamento seja o ideal para coibir a ação de pessoas mal intencionadas.
“A rua, estando iluminada, facilita muita a segurança mútua. Os vizinhos poderão perceber certas ações e chamar a polícia. O simples fato de a rua estar bem iluminada serve para coibir a ação de marginais”, disse o comandante da companhia, capitão Ademar Paschoal.
De acordo com ele, a escuridão é um convite para ações criminosas. A maioria dos assaltos à mão-armada à noite, tentativas de estupro, arrombamentos de casas e carros geralmente acontece em pontos mal iluminados.
“E tem ainda o benefício psicológico que uma boa iluminação pode proporcionar à população. Em ruas claras as pessoas se sentem mais seguras, ao passo que na escuridão o primeiro pensamento que vem é que a qualquer momento surgirá alguém para praticar um assalto ou qualquer outro tipo ação ilícita”.

Fonte: O Diário do Norte do Paraná, 11/02/2008

(http://www.odiariomaringa.com.br/noticia/194051)

Impactos ambientais: uma má gestão da arborização urbana inviabiliza o desenvolvimento sustentável de Fortaleza

Os gestores urbanos de Fortaleza parecem ignorar que toda tomada de decisão resulta em impactos ambientais para a cidade. Devido à baixa nebulosidade durante a maior parte do ano e a proximidade do Equador, Fortaleza apresenta insolação intensa. Apesar disso, as temperaturas são agradáveis sob a copa das árvores. Todo fortalezense reconhece o valor de uma boa sombra. Durante o processo de fotossíntese as árvores absorvem gás carbônico, liberam oxigênio e vapor d`água para a atmosfera. A transpiração das árvores contribui para uma redução da temperatura. É muito bem estudado o fenômeno das "ilhas de calor" que consiste na excessiva elevação da temperatura nos grandes centros urbanos em relação às áreas rurais adjacentes. Essas diferenças de temperatura podem atingir valores superiores a 10°C e contribuem para diminuir consideravelmente a qualidade de vida nos grandes centros urbanos, aumentando muito os custos energéticos com refrigeração. Dentre as causas das ilhas de calor destacam-se o excesso de superfícies que absorvem calor, como asfalto, concreto, áreas impermeabilizadas e as emissões de gases de efeito estufa por motores de veículos e fábricas. Uma das principais maneiras de contrabalançar as ilhas de calor é o incremento da arborização urbana. A vegetação urbana de Fortaleza é tão irrisória que pouco pode contribuir para a melhoria do ambiente térmico da cidade (Figura 1). Comparando-se Fortaleza com a cidade de Maringá (PR) uma das mais belas e mais bem arborizadas do país, verificamos quanto Fortaleza aproxima-se de um deserto (Figuras 2 e 3).
A tendência mundial consiste em adotar modelos de planejamento e gestão urbana que seguem premissas ecológicas. É cada vez mais comum o uso de edifícios bioclimáticos, que são projetados visando um aproveitamento máximo da energia. A vegetação urbana é uma variável cada vez mais importante nesse modelo de sustentabilidade. A cidade não é mais considerada como uma antítese da natureza e sim parte dela.
Em Fortaleza parece que estamos andando na contramão da história. Como a cidade não foi planejada levando em conta a arborização urbana, existem poucos espaços disponíveis para receber árvores, como por exemplo, as praças e canteiros centrais de avenidas.
A falta de planejamento, de integração e de conhecimento técnico dos gestores urbanos ocasiona conflitos entre arborização e outros equipamentos urbanos, como calçadas, tubulações de água e esgoto, redes elétricas e iluminação pública.
O problema ambiental mais grave de Fortaleza consiste tanto na falta de vegetação arbórea, quanto no manejo inadequado das poucas árvores que restam, que consiste em podas abusivas com motosserras que danificam as árvores. Tanto a falta de árvores como o excesso de podas prejudica o sequestro de carbono da atmosfera e contribui para o aquecimento global. A área fotossintética está sendo cada vez mais reduzida na cidade. De nada adianta plantar árvores sem planejamento, pois elas não terão longevidade suficiente para constituírem um eficiente reservatório de carbono. Com a decomposição dos galhos cortados, o carbono volta novamente para a atmosfera. Mais uma vez na contramão da história, podemos verificar que o descaso com a arborização de Fortaleza contribui para o aquecimento global.
A falta de arborização em Fortaleza também pode ser considerada um problema de saúde pública. A sombra das árvores protege as pessoas dos efeitos nocivos dos raios ultravioleta, evitando a incidência de câncer de pele. Quanto mais vertical estiver o sol, mais intensas serão as radiações.
Esses problemas não ocorrem apenas em Fortaleza. Na maioria das cidades brasileiras ocorre o mesmo. Como moro em Fortaleza, convivo diariamente com a degradação de seu ambiente. Fica então muito mais fácil apontar seus problemas, que infelizmente são semelhantes na maioria das cidades brasileiras. Embora a má gestão da arborização seja recorrente por quase todo o país deveriam ser estabelecidas diretrizes de planejamento urbano estaduais ou até mesmo federais, adaptando-as às condições locais. Os problemas devem ser apontados localmente, permitindo que os cidadãos possam cobrar atitudes dos políticos, evitando assim que se esquivem de sua responsabilidade.
Os problemas da arborização da cidade de Fortaleza não são responsabilidade apenas da administração atual mas vêm de longa data, provenientes da falta de planejamento e conhecimento técnico. São problemas que afetam a todos, independentemente de partido político. Só acho que a atual prefeitura não está aproveitando a oportunidade de inovar e romper com o passado, contribuindo para que a arborização de Fortaleza seja planejada conforme diretrizes ambientalmente sustentáveis. Não consigo conceber uma "Fortaleza Bela" com sua arborização tratada com tanto descaso!

Foto 1. Imagem de satélite de Fortaleza demonstrando a carência de áreas verdes. A cidade é semelhante a um deserto. Árvores com grande projeção de copa poderiam diminuir os efeitos da radiação solar e melhorar o conforto térmico nas grandes avenidas.

Foto 2. Imagem de satélite de Fortaleza (CE) na região da Avenida Bezerra de Menezes. O pouco espaço disponível para a vegetação arbórea de grande porte encontra-se nos canteiros centrais das avenidas. As calçadas são pequenas demais e só comportam árvores de pequeno porte as quais produzem poucos benefícios térmicos.
Foto 3. Imagem de satélite da cidade de Maringá (PR), um modelo de arborização e sustentabilidade que deveria ser adotado em todo o país. Este tipo de configuração espacial da arborização com grandes projeções de copa contribui para a melhoria do ambiente térmico, diminuindo o aquecimento das superfícies e portanto, minimizando o efeito das "ilhas de calor". Os gastos de energia com refrigeração da cidade acabem sendo muito reduzidos.