sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Dosagem da quantidade de poda: uma remoção excessiva de galhos irá causar uma degradação progressiva em árvores maduras



Figura. Típico exemplo de poda abusiva. A remoção de um galho de grande diâmetro (aproximadamente 50 cm) causa degradação fitossanitária em uma mangueira adulta (Mangifera indica). Trata-se de uma corrida contra o tempo. A lesão mal começou a cicatrizar e já está sendo invadida por cupins arborícolas do gênero Nasutitermes. A casca protege a árvore do ataque dos cupins. Quanto maior o diâmetro da lesão de poda, maior será o tempo de cicatrização. Enquanto a casca cicatriza, a madeira está exposta ao ataque de cupins e fungos. Não existe nenhuma justificativa para essa poda, pois essa árvore está distante de prédios e da fiação elétrica. A única razão para realizar esta intervenção foi melhorar a iluminação noturna. Portanto, esse tipo de prática é totalmente condenável. A podas são consideradas cirurgias e devem ser evitadas sempre que possível. Foto de Antonio Alves Tavares no campus do Pici da Universidade Federal do Ceará.

Tradução de

Pruning dosage: excessive thinning of mature trees will cause decline

www.rainbowtreecare.com

As práticas tradicionais nem sempre são as melhores

Quanto mais aprendemos sobre as árvores compreendemos que algumas práticas tradicionais são prejudiciais. Este é o caso do desbaste excessivo dos ramos, que em árvores maduras é mais destrutivo do que benéfico.

As árvores são sistemas energéticos.

A madeira da árvore é constituída de células. Essas células transportam, metabolizam, armazenam energia e reagem contra agressões externas. Geralmente, quanto mais energia armazenada, mais saudável será a árvore. Todos os cuidados com as árvores devem maximizar a quantidade de energia armazenada.

Como a remoção excessiva de galhos provoca injúrias em árvores maduras?

Os tecidos vivos necessitam de um suprimento contínuo de alimentos. A árvore fabrica a energia na forma de carboidrato nas regiões clorofiladas, principalmente nas folhas e ramos de menor diâmetro. A poda de tecido vegetal vivo remove parte dessa importante fábrica de alimento. A árvore torna-se fraca e susceptível a patógenos. Se a árvore não conseguir substituir os tecidos produtores de energia ela irá sofrer um declínio. A árvore em declínio utiliza mais energia armazenada do que produz. Esse declínio pode ser verificado como “dieback”, que consiste na morte progressiva dos ponteiros (ramos superiores da árvore). Esse fenômeno pode levar cerca de 3 a 15 anos para ser observado.

UM MITO: as árvores quebram com ventos fortes porque estão com a copa muito densa

As árvores não atuam como velas de barcos em ventos fortes. Os ramos quebram quando eles têm junções enfraquecidas, cavidades degradadas ou devido à uma condição fitossanitária inadequada. Podas inadequados produzem pontos de acesso para decomposição e doenças. Uma remoção inapropriada dos ramos propicia uma maior quebra pelo vento. Isso ocorre devido à uma maior exposição dos ramos remanescentes à força do vento. A perda de tecido vivo saudável corresponde a uma perda de energia armazenada e a um aumento de tecido morto. O tecido morto é mais susceptível ao ataque de organismos decompositores.

UM FATO: as condições inadequadas de solo e não o vento são as piores inimigas da árvore

Os problemas mais sérios enfrentados pelas árvores em ambientes urbanos não são os ventos ou tempestades. Carência de nutrientes, regas, compactação do solo, herbicidas contribuem para que a árvore urbana viva cerca de um quarto da média de vida em relação a uma árvore em ambiente florestal.

Figura. Eixo y (vertical): % de madeira que pode ser removida da árvore por podas. Quanto mais nova for a árvore uma maior porcentagem de tecido vivo pode ser removida pela poda sem prejudicar a árvore. À medida que a árvore vai ficando mais velha aumenta a porcentagem de tecido morto que pode ser removido por intermédio de podas. Em árvores mais velhas muito pouco tecido vivo pode ser removido.

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